imagem

Como servir o vinho na temperatura correta?

Você Sabia?

Cada vinho tem uma temperatura ideal para que suas características sejam ressaltadas

"Já degustei este mesmo vinho antes... Por que aqui ele parece melhor?"
Esta é uma pergunta que me fazem com freqüência em cursos que ministro para iniciantes. São vários os motivos, objetivos e subjetivos, que levam meus alunos a achar isso. Os principais: o conhecimento sobre a bebida, a taça correta e a temperatura ideal. Vou me ater ao terceiro critério.

Nada influi tanto na apreciação de um vinho quanto sua temperatura. Em nosso país, estamos acostumados a extremos em tudo o que bebemos.

Café escaldante e cerveja "estupidamente gelada". O vinho é uma bebida delicada e cheia de nuances. Seria um crime deixar um champanhe congelar, ou degustar um grande Bordeaux à temperatura ambiente de 29ºC. E que fique claro: vinho tinto à temperatura ambiente só vale se ela for a ideal para o seu estilo. Para começar, nenhum vinho deve ser servido além de 20ºC, a não ser que você esteja gripado e queira fazer uma inalação, pois, a uma temperatura dessas, a evaporação do álcool será intensa.


Algumas das características básicas dos vinhos com a temperatura

Corpo:o olfato é apenas suscetível aos vapores e os vinhos mais encorpados têm um peso molecular maior que os mais leves. Essa é uma das razões pelas quais se degustam os tintos a uma temperatura mais alta que os brancos.

Casta:algumas variedades produzem vinhos mais voláteis que outras. Pinot Noir, por exemplo, é mais volátil que a Cabernet Sauvignon, motivo pelo qual os Borgonhas são geralmente servidos mais frescos que os Bordeaux.

Tanicidade: tanino é um elemento contido só nos tintos e dá a impressao de travar a boca. Quanto mais baixa a temperatura, mais evidente ele fica, tornando o vinho desagradável se a bebida estiver gelada.

Aroma:quanto mais elevada a temperatura, maior a evaporaçao e, conseqüentemente, o perfume se acentua. Este reforço deve ser dosado, pois em muitos brancos o perfume já é naturalmente intenso. Temperaturas elevadas conduzem a uma perda da elegância e do frescor, tornando o vinho fugaz. No sentido oposto, temperaturas excessivamente baixas escondem qualquer aroma que o vinho possa ter.

Doçura:a característica é acentuada pelo calor e amenizada com o frio.

É raro não haver a necessidade de resfriar um vinho. O fato de não possuir uma adega climatizada em casa ou não dispor de um termômetro de vinhos não elimina sua necessidade de controlar a temperatura da bebida. Por isso é útil saber que: na parte interna da porta de uma geladeira a temperatura mínima (1ºC no termostato) permanece em torno de 12ºC. Já no fundo, junto à placa fria, é de +/- 3ºC. No meio, cerca de 6ºC. As temperaturas foram colhidas com um termômetro comum na minha geladeira. Faça o mesmo na sua. Para os tintos que pedem temperaturas mais altas do que 12ºC, deixe-os gelar na porta por um período de, no máximo, duas horas.

Mas evite manter vinhos por muitos dias na geladeira, pois a vibração não fará bem ao líquido. É aconselhável usar um balde com gelo e água gelada. Neste caso, deixe os tintos mais potentes por cerca de dez minutos e depois os retire.

Se você estiver em um local gelado, ou se a garrafa estava estocada num lugar mais frio que o ideal, você precisará aquecê-la. O melhor a fazer, neste caso, é o que os franceses chamam de chambré, ou seja, deixar que o vinho se aqueça na temperatura ambiente da sala onde será bebido até atingir o ponto ideal. Foi desta prática que se originou o errôneo mito de que o vinho tinto se bebe à temperatura ambiente.

Se o lugar estiver muito frio, aproxime a garrafa de uma lareira, ou de outra fonte de calor. No mais, ignore a pressa.

O ritual serve para preparar o clima e aguçar o paladar.

Voltar as Notícias